#31 – Hugo Strange – Um Conto de Batman: Acossado

Oi!
Cá estou, novamente atrasada com a postagem. É, acho que estou precisando contratar um Robin para me ajudar com o blog! 😛 Brincadeiras à parte, vou me organizar para voltar ao velho ritmo de posts, tá?

A HQ de hoje vai trazer um personagem que foi até especulado para aparecer em The Dark Knight Rises, mas acabou não indo pra frente.

O professor Hugo Strange é um psiquiatra contratado pelo prefeito de Gotham para ser o consultor de uma força-tarefa formada para capturar Batman. Relacionando traços de sua personalidade e estudando padrões, confia-se nele para descobrir sua verdadeira identidade, bem como forçar com que pare de atuar como um Justiceiro independente em Gotham City. Mas claro que ele não poderia ser um simples psiquiatra…

Espero que você goste de ler “Um conto de Batman: Acossado” (Batman: Prey, roteiro de Doug Moench e arte de Paul Gulacy, setembro de 1990 – fevereiro de 1991)!

(Acossado, segundo o dicionário Michaelis, quer dizer perseguido, acuado).

O cerco está se fechando sobre Batman. A contragosto, Gordon é designado para chefiar uma força-tarefa para sua captura. O prefeito, então, convoca o detestável e arrogante Hugo Strange para ser o consultor dessa equipe. Já seria um cenário bastante ruim para o Homem-Morcego, mais ainda falta mencionar o que Strange é em sua intimidade. Ele é… Obcecado por Batman, de uma forma quase fetichista. Obcecado por sua liberdade, por seus atributos, enfim, por sua persona de modo geral. Em suas longas discussões com o manequim que mantém em casa como se fosse sua namorada, fica claro o quanto deseja ser Batman – mas não possui as habilidades materiais e físicas necessárias. Algumas teorias versam que Strange poderia ter algum tipo de atração sexual por Batman, o que fica um pouco demonstrado quando, por exemplo, veste sua namorada/manequim com a máscara do seu inimigo.

Temos também o policial Max Cort, um policial cada vez mais farto de observar a atuação de Batman e seu total desprezo pelas leis convencionais. Ele é sequestrado por Strange e hipnotizado, acuado a tornar-se o personagem Flagelo da Noite – e assim induzido a mostrar que o personagem de Batman é um mal exemplo para a sociedade. Ele é uma das inúmeras formas que Strange desenvolve para atacar Batman. Ele chega até mesmo a atacar pessoas vestido de Batman.

Strange está cada vez mais próximo de descobrir a identidade secreta de Batman. Ele esgota Bruce Wayne psicologicamente, submetendo-o a testes que o deixem à beira da histeria. Enquanto sequestra Catharine, a filha do prefeito, podemos ter a dimensão da desgraça que é um personagem desequilibrado como Strange descobrindo a identidade secreta do Homem-Morcego. As investidas psicológicas do doutor afetam intensamente Wayne. Ele tem dúvida de que tipo de tragédia criou Batman, mas essa parece ser uma das poucas dúvidas a respeito do Justiceiro de Gotham. E cruzando as informações obtidas com os relatórios de assassinatos em Gotham, consegue chegar à sua identidade. As cenas finais dessa HQ são simplesmente eletrizantes!
Uma coisa que não deve passar despercebida nessa HQ e que você possivelmente deve ter reparado em alguma outra é a aversão que a Mulher-Gato tem de ser relacionada ao Batman – a despeito de todos os outros vilões que parecem, de alguma forma, não perder uma oportunidade de estarem em sua cola. O caráter de Gordon é, também, algo notável. Mesmo com grandes oportunidades de ascender profissionalmente, ele prefere continuar sua aliança com Batman para conseguir manter Gotham menos pútrida.

Eram originalmente 5 edições, mas eu reuni num link só para ficar mais fácil pra vocês! 😉 Boa leitura!

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#30 – Batman & Juiz Dredd

Olá!
Hoje vou parar um pouquinho com a postagem de vilões do Batman para trazer um material diferente para vocês. Como vocês devem saber, na última sexta-feira estreou nos cinemas brasileiros o filme Dredd, com direção de Pete Travis.

Segundo a sinopse,

“O juiz Dredd (Karl Urban) vive na megalópole Mega City Um, um oásis de civilização na Terra Maldita, cerca de 120 anos no futuro. Bastante temido pelos infratores da lei, ele acumula os cargos de polícia, de juiz e ainda tem o poder de executar suas sentenças. Um dia, ele é encarregado de treinar uma candidata a juíza com poderes mediúnicos (Olivia Thirlby), e neste primeiro dia de teste os dois enfrentam a maior e mais perigosa traficante de drogas do local (Lena Headey).”
Retirada do site AdoroCinema
Leia mais no IMDb

Sabendo que Batman e Juiz Dredd tem um bom número de HQs juntos, decidi trazer duas para vocês hoje. Então, espero que gostem!


#1. Batman & Juiz Dredd – Julgamento em Gotham
(Batman/Judge Dredd: Judgment on Gotham. Roteiro de Alan Grant e arte de Simon Bisley. Dezembro de 1991.)

Começamos nossa HQ com um personagem muito, muito macabro. Devido ao meu gosto pessoal em leitura, estou acostumada a cenas fortes ou chocantes em HQs, mas esse personagem realmente me chocou. Ele é o Juiz Morte, que transportou-se dimensionalmente até Gotham City. Ele foi responsável pela morte cruel de dois namorados e de um policial – ele matou enfiando suas mãos no cérebro do oficial. Batman aparece, empalando sem querer o Juiz Morte, mas esse parece não se abalar. Seu espírito, está à procura de outro corpo para continuar sua sessão de maldades.
Enquanto isso, Batman, ainda abalado por ter empalado o Juiz Morte acidentalmente, encontra um estranho cinto que ativa acidentalmente. É o mesmo cinto que transportou Juiz Morte até Gotham – e Batman faz o caminho reverso, em direção à megalópole Mega-City Um (Mega-City One).
Ainda tentando descobrir onde está, Batman encontra o Anjo Máquina Malvada, uma mistura de homem e monstro futurista com um dial na cabeça, que pode ajustar para tornar-se um homem calmo ou uma máquina mortífera. Enquanto ele e Batman discutem, aparece o Juiz Dredd, que dá voz de prisão para Máquina Malvada e tenta levar Batman – que discute com ele e é preso por desacatar o juiz Dredd.
Sob a custódia de Dredd, ele conhece Anderson, a telepata de Mega-City Um, que aparentemente discorda muito dos métodos de Dredd, embora tenha de se submeter a eles. Anderson e Batman estão preocupados com Juiz Morte à solta em Gotham – pois Morte não descansaria enquanto cada corpo estivesse caído em Gotham. Mas Dredd diz que nada pode fazer, pois Gotham está além de sua jurisdição. E, sinceramente, parece mais preocupado em acumular anos de prisão para Bruce Wayne, já que não foi nem um pouco com a cara dele.
A preocupação de Batman faz todo o o sentido: em Gotham, Juiz Morte aliou-se ao Espantalho. Embora tenha tentado trair o homem-de-palha, Juiz Morte sente um pouco de seu gás do medo. E do que a encarnação da própria morte, o terror personificado, tem medo? (Uma das sacadas mais geniais que já li).

Ameaçado, Juiz Morte precisa obedecer Espantalho, e seguem para um concerto de numa banda de heavy metal chamada Living Death. Então, contrariando as ordens expressas de Mega-City Um, Anderson e Batman fogem de volta para Gotham, para tentar salvar a cidade da destruição iminente. Dredd, furioso, segue atrás deles para capturá-los. Ele está irritadíssimo com Batman, claro.
Enquanto isso, no show da banda, Juiz Morte está bastante ocupado matando, decapitando e assassinando brutalmente todas as pessoas que passam pela sua frente. No confronto que se segue, Batman se ocupa de destruir seu corpo físico, enquanto Anderson aprisiona seu espírito.

Ao perceber que a decisão de Batman e Anderson fora necessária, Dredd agradece sua dedicação – e, vindo do homem que vem, esse é um grande fato. Começa aí uma espécie do que podemos chamar de parceria que poderá durar muito tempo. (Parceria, porque esperar amizade do austero Juiz Dredd é pedir demais. Ok, talvez “parceria” seja um termo muito íntimo. Talvez um “acordo de cavalheiros”).

#2 – Batman e Juiz Dredd: Morra Sorrindo
(Batman/Judge Dredd Vol 1 – “Die Laughing”, roteiro de Alan Grant e John Wagner e arte de Glenn Fabry, 1998.)

Essa HQ se passa após os eventos ocorridos em “Julgamento em Gotham”. “Morra Sorrindo”, como você deve imaginar, é uma alusão ao Coringa. E é justamente assim que começa a HQ, com o Coringa se transportando para a cidade de Mega-City One. Seu objetivo? Liberar os lendários Juízes Negros, do qual o Juiz Morte faz parte. Eles eram as criaturas mais ameaçadoras de Mega-City, e no momento em que Coringa interfere eles estavam sendo conduzidos em cristais invioláveis para serem incineradoras para sempre.
Batman não poderia deixar isso acontecer, e avisado por Anderson, a telepata, se transporta para Mega-City para evitar a catástrofe. Lá encontra seu velho adversário/colaborador, Juiz Dredd, que também está interessado em parar Coringa e os Juízes Negros. As antigas rivalidades e animosidades deverão ser esquecidas por um tempo para que, juntos, possam combater essa ameaça tão ampla, que pode destruir não apenas Mega-City e Gotham, mas todo o Universo, que está à mercê de uma insanidade e destruição nunca antes vistas.

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#29 – Asilo do Coringa: Crocodilo

“… Eles são os monstros… Não eu…”

Oi!

O vilão de hoje é Waylon Jones, que nasceu nos arredores de um pântano, e que possui uma doença terrível que o deixa com a pele escamosa. Essa aparência o faz se tornar uma pária na sociedade e na família, e o empurra diretamente para os braços do crime em Gotham City.
Sua familiaridade com a a violência o impulsiona para o submundo, onde se descobre capaz de liderar um pequeno exército contra Batman. Mas o que assusta mais, além da aparência, é sua força sobrehumana, e sua brutalidade – elementos que, juntos, o tornam um dos vilões mais perigosos de Batman.

Boa sorte com a leitura de “Asilo do Coringa: Crocodilo” (Joker’s Asylum: Killer Croc, roteiro de Mike Raicht e arte de David Yardin, agosto de 2010).

Antes de falar sobre a HQ, vou falar um pouco sobre essa mini-série chamada “Asilo do Coringa“, da qual a HQ de hoje faz parte.

Em cada um dos volumes dessa série, temos o Coringa narrando contos curtos sobre cada um dos grandes inimigos do Batman. E não é uma simples narração: é uma narração comentada, ponderada, atrevida ou respeitosa, diferente do personagem de que ele está falando. O fato de ser o Coringa narrando (simplesmente o personagem mais insano de toda a história do Batman) consegue tornar esses vilões mais “humanos”. Coringa mergulha nas suas origens, ou conta uma história significativa do vilão. O ponto fraco dessa minissérie é que elas são muito curtas mesmo, e nem sempre contemplam a totalidade do que é o vilão. Mas futuramente, se vocês quiserem, posso postar todas as HQs do Asilo do Coringa aqui no Batman Guide. 🙂

A HQ sobre o Crocodilo  traz, num clima noir, um relato que acontece após uma fuga de Crocodilo do Asilo Arkham. Após ameaçar um médico e mutilar os próprios pulsos para conseguir fugir, ele é levado à casa de Edgar e Juliette Manson, e acolhido de uma forma tão dedicada que mal parece que ele é uma aberração. Pelo contrário – todos os lados humanos do Crocodilo são ressaltados e evidenciados pelo casal, e ele passa a ser tratado como parte da família.

Como recompensa por seu tratamento gentil, ele passa a fazer pequenos serviços para a família – mas em seguida começa a fazer serviços pesados. Começa a matar e ameaçar, tudo por ordem de Edgar. A relação entre ele e o casal é muito boa, até certo ponto, em que o casal começa a discutir, e Crocodilo fica no meio das discussões.

Preocupado com a segurança de Juliette, Edgar encarregada Waylon de vigiá-la, mas a moça se demonstra tão infeliz com a sua “prisão domiciliar” que Crocodilo se compadece e a deixa sair por alguns instantes. Ela o convence de que Edgar a sufoca e a machuca, e faz com que o vilão agora domesticado passe a odiá-lo. Entretanto, quando a verdade vem à tona, o pior lado de Crocodilo ressurge – e nos faz pensar em quem são os verdadeiros monstros dessa triste história…

A arte de Yardin é soberba, pesada quando necessária, mas com enfoque nos pontos cruciais de cada personagens e suas sensações no momento – seja de violência , de fingimento, de reflexão, de ataque. O roteiro também é intenso e faz você acompanhar o ponto de vista do próprio Crocodilo em cada cena.

Apesar da HQ ser curtinha, eu a selecionei por achar que seria a que mais explica a dualidade de Crocodilo – alguém com sentimentos, mas com um impulso para matar igualmente forte. Boa leitura!

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#28 – Arlequina

“Meu amor pelo Coringa era mais forte do que as paredes do sanatório.”

Olá!

Em primeiro lugar, tenho que me desculpar com vocês pela demora em produzir esse post. Quem acompanha o Batman Guide há um tempinho sabe que costumo postar às quartas e sábados, mas essa semana atrasei bastante! Tive alguns probleminhas pessoais que me deixaram sem tempo para escrever, então espero que aceitem minhas desculpas 🙂

Continuando com nossos vilões, hoje trarei uma vilã que me deixa boba toda vez que aparece. O motivo? Ela é muito sem noção! Mas isso é meio óbvio, vindo de uma mulher que é apaixonada pelo Coringa. Quero dizer: “Apaixonada” é pouco. Ela é obcecada!

Jogue-se no universo incompreensível da louca e fatal Arlequina (Batman: Harley Quinn, roteiro de Paul Dini e arte de Yvel Guichet, outubro de 1999)!

Gotham City está mais perdida que nunca. Depois de um terremoto que destrói várias construções, Hera Venenosa é obrigada por Batman a trabalhar para alimentar pessoas perdidas e famintas.
No meio dos destroços, encontra uma moça loira chamada Harleen Quinzel. E ela começa a contar sua história.

Ela era uma psicóloga que fazia seu primeiro ano de residência no Asilo Arkham, quando conheceu Coringa, e se apaixonou perdidamente por esse misto de loucura  e (para ela) charme. Não obstante, ainda facilitava suas fugas do sanatório. Quando descoberta, foi demitida e internada no próprio asilo. Mas na primeira oportunidade de fugir, foi atrás do homem que amava – parando numa loja de fantasias para se embelezar e adotar uma personalidade única, como é única a personalidade de Coringa. Ou para seu “pudinzinho” , como ela o chama.
E então surge a Arlequina, que começa sua jornada atrás do maior vilão de Batman.
Entretanto, ele não é uma pessoa acostumada à sentimentos doces. Ele engana Arlequina, pois a moça mais atrapalha do que ajuda e consegue ser inconveniente em muitas ocasiões.

Ela é inteligente, mas é doida, sem-noção, insana, divertida. Mas se enganada também pode ser muito vingativa, falsa e manipuladora, e qualquer um que ousar entrar em seu caminho…

Essa HQ traz a história dessa personagem e mostra seu relacionamento com o Coringa, com uma arte que tende bastante para o cartoon, em detrimento da capa ultra realista (desenhada por ninguém menos que o genial Alex Ross). Além disso, explora sua raiva por Batman – ela acredita que o Homem-Morcego “atrapalhe” seu relacionamento amoroso, pois Coringa se interessa mais por derrotar Batman do que por ela. É possível perceber isso nesse trecho de uma outra HQ dedicada à ela, chamada “Louco Amor”:

Página 19 da HQ “Louco Amor” (Batman Adventures: Mad Love, roteiro de Paul Dini e arte de Bruce Timm & Glen Murakami, fevereiro de 1994)

Essa HQ é bem divertida e leve, mas ao mesmo tempo a presença da Arlequina torna a história ácida e instigante. Não deixe de ler! 😉

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#27 – Chapeleiro Louco – Dia das Bruxas: Loucura

Tire seu chapéu! Eu guardo todos… pra vender. Eu sou um chapeleiro! Cortem. Cortem. Cortem-lhe a cabeça!

Olá!
A postagem de hoje trará um dos vilões mais neglicenciados do Batman, na minha opinião. O motivo dessa neglicência é seu aspecto um pouco “infantil”, que parece destoar do caráter sombrio do Cavaleiro das Trevas. Mas essa suposta infantilidade parte da não-compreensão do personagem: ele é um maníaco com tendências à pedofilia que se inspira na Alice de Lewis Caroll. E a história de Alice contém vários elementos adultos, misteriosos e enigmáticos, que ao estabelecerem-se numa mente doentia como a do doutor Jervis Tetch, resultam no vilão Chapeleiro Louco.
A HQ de hoje pertence à saga que no exterior se chama “Batman: Haunted Knight” e que aqui no Brasil foi publicada como “Batman – Dia das Bruxas”. Essa publicação contém 3 histórias; falaremos da segunda, que se chama “Loucura” (Madness. setembro de 1996, roteiro de Jeph Loeb & arte de Tim Sale)!

Bárbara Gordon, adotada por James Gordon e sua esposa (que também se chama Bárbara), redige um diário em que conta seus dramas adolescentes. Para Gordon, essa fase de crescimento e rebeldia é difícil de lidar, pois ainda precisa cuidar da esposa e ser o comissário de uma polícia corruptível e desorganizada.

Mas um maníaco está raptando crianças em Gotham City, e a jovem Bárbara é levada por ele. Ninguém sabe o paradeiro delas, e cabe à Gordon procurá-las – com a ajuda do Cavaleiro das Trevas.

A identidade do sequestrador é revelada: Jervis Tetch, um ex-neurocientista oibsessivo-compulsivo e esquizofrênico viciado nas obras de Lewis Caroll, capaz de desenvolver chapéus que controlam pessoas – e que acaba mergulhando nos próprios delírios e se torna o Chapeleiro Louco. Não fala nada que faça sentido, declama versos e trechos de “Alice no País das Maravilhas”, alterna seu espírito maníaco e assassino com a depressão.
Quando Batman descobre isso, se revolta profundamente porque o Chapeleiro não é um simples vilão que Batman conseguiria desacordar com um soco – ele está destruindo uma das lembranças mais fortes que ele possui, isso considerando uma infância que não teve muitos momentos felizes. Bruce Wayne quase é derrotado por sua tristeza ao lembrar-se de sua mãe lendo “Alice” para ele no mesmo dia em que fora assassinada.

A menina Bárbara é sequestrada e mantida em cativeiro, obrigada a vestir-se de Alice, numa doentia simulação da “cerimônia do chá” no livro mais famoso de Lewis Carroll.

Assim, a trama envolve duas relações de pais-e-filhos: Gordon e sua dificuldade em lidar com a filha adolescente, e seu desespero por seu desaparecimento, e Bruce tentando salvar um dos únicos pontos luminosos de sua memória. Ambas as coisas seriam possíveis com a prisão de Chapeleiro Louco.
Mas sua loucura o tornou mais forte e difícil de ser capturado… Como Batman conseguirá combater insanidade e loucura carregando dentro de si suas próprias lembranças e alucinações?
Falar sobre o roteiro e a arte seria tornar-me repetitiva. É sempre bom ver Jeph Loeb & Tim Sale em ação. Relembre as duas outras HQs que postei aqui: Batman: O Longo Dia das Bruxas e a continuação Batman: Vitória Sombria.

Então, boa leitura!

PS: Estou traduzindo uma HQ para o Batman Guide. Preparem-se, vem coisa muito legal por aí!

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#26 – Batman/Espantalho: Ano Um

“… E assim, professor, é como se treina um bando de corvos selvagens…e como se corrompe uma mente jovem e maleável. […] Foi o momento que aprendi – da minha própria bisavó – as duas forças mais poderosas na Terra… MEDO E CONTROLE! E que QUALQUER UM poderia usá-las.”

Olá!

Continuando com a postagem sobre os vilões do Homem-Morcego, hoje falaremos da complexa vida do doutor Jonathan Crane, um psicólogo de Gotham. Mas não um simples e pacato doutor. Ele é um médico alucinado e instável, é o homem por trás de um monstro que manipula drogas e táticas psicológicas para causar alucinações e medo aos seus inimigos.

A HQ de hoje é “Batman/Espantalho: Ano Um” (Year One: Batman/Scarecrow, roteiro de Bruce Jones e arte de Sean Murphy, julho/agosto de 2005)!

 Nessa HQ, conheceremos a história de um menino magrelo que mora no campo com sua avó, uma extremista religiosa. Abandonado pelos pais, o pequeno Crane é torturado por sua avó que o deixa para ser bicado por centenas de corvos treinados por ela para machucar.
Ele sofre bullying dos outros meninos por sua altura e por seus gostos.  Quando cresce, é demitido da escola em que ensina por sua fixação nos métodos de ensino que envolviam medo. Então, com o conhecimento que adquiriu sobre manipulação química e sobre psicologia, Jonathan Crane faz uma regressão até o nascimento para se vingar daqueles que o maltrataram.

Agora o Espantalho está espalhando o caos e o terror por Gotham, e é tarefa da Dupla Dinâmica parar esse lunático. (Note que aqui ainda temos a atuação de Dick Grayson como Robin). A tática usada por Espantalho é um “gás do medo”, capaz de causar alucinações nas pessoas fazendo-as enxergar aquilo que mais as assusta ou machuca. Quando captura seu pai, por exemplo, e o faz reviver o medo de insetos – fazendo com que ele enxergue o ataque lento de milhares de baratas subindo pelo seu corpo (eca!).  Sua própria máscara não é assustadora à primeira vista, mas quando combinada com a toxina gasosa que desenvolveu, transforma-se num horrível e assustador rosto disforme.

Contudo, ele é um vilão difícil de capturar, porque tudo que deixa nos cenários de seu s crimes é um punhado de palha. Além disso, quais seriam exatamente as vítimas dele? Matar por prazer, por dinheiro, ou matar por vingança? E “vingança” não é exatamente o que move Bruce Wayne para se tornar Batman?

Quais são, então, as diferenças entre Espantalho e Batman, se ambos se escondem através de máscaras para assustar? Com essas semelhanças, conseguirá Batman fazer Espantalho parar de espalhar o medo por Gotham City?

Descubra lendo essa fantástica HQ em duas edições!

A arte de Sean Murphy contribui para o clima tenebroso da obra, alterando os formatos quando a toxina de Espantalho está no ar. O roteiro de Jones não poupa reviravoltas e momentos intensos.

Boa leitura!

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#25 – Pinguim: Dor & Preconceito

Pinguins não podem voar. Eles são estranhos em terra. Andam devagar. Descoordenados. Então eles se adaptam. Fazem o que podem com o que tem. Usam seus pontos fortes.

Oi!
Hoje começarem uma sequência que muitas pessoas vem pedindo: voltarei a falar sobre os vilões de Batman. Já falei de alguns, vamos relembrar? Já postei sobre o Coringa aqui e aqui, sobre a Mulher-Gato, sobre a Hera Venenosa, sobre o Duas-Caras, sobre Silêncio e sobre o Bane.

O vilão de hoje é um homem com muito sofrimento em seu passado. Oswald Cobblepott nasceu com uma deformidade que alonga seu nariz de maneira irregular, pontuda. Com o passar dos anos, torna-se um homem poderoso e cruel, em detrimento da criança frágil e sofredora que foi um dia. Contudo, as marcas de seu passado terrível ressurgem – e provavelmente nunca serão esquecidas.
Leia mais em “Pinguim: Dor & Preconceito” (Penguin: Pain & Prejudice, roteiro de Gregg Hurwitz e arte de Szymon Kudranski, dezembro de 2011-abril de 2012)!

A HQ começa dando detalhes sobre a infância de Oswald Cobblepot. Sua mãe sempre foi muito carinhosa e acolhedora, mas a rejeição que sofre do seu pai devido à sua deficiência no rosto deixa o pequeno e ainda inocente menino muito machucado. Os irmãos dele fazem questão de fazer de sua vida um inferno ainda maior. As crianças da escola o ofendem. As meninas o rejeitam. Somente os pássaros parecem entendê-los. Mais especificamente os pinguins – que parecem deslocados na natureza, mas encontram seus pontos fortes e o exploram o máximo possível. E é isso que o pequeno menino decide fazer.
Sua família toda morre – menos sua mãe. Mas isso não é uma coincidência, pelo contrário: ela é narrada com riqueza de detalhes, deixando o leitor abismado e chocado com seu planejamento e execução precisos por parte de uma criança.
Seu coração está cheio de amargura e solidão, de lembranças doloridas que se transmutam em ódio desenfreado.
E é nessa crueldade e frieza que ascende o vilão Pinguim, que comanda capangas capazes de decapitar uma velha senhora ou arrancar pedaços da orelha de uma mulher. É um dos homens mais temidos de Gotham City. E ele começou com essa “carreira” no crime da maneira mais difícil, com as próprias mãos, matando, assustando e eliminando seus inimigos – e toda a família e entes queridos do inimigo. Tornou-se um monstro que se alimenta de poder e de ódio. E que não me esforços para conseguir cada uma das suas vontades.

Mas nessa HQ, Batman é um personagem secundário: entramos profundamente na mente de Pinguim, para entendê-lo. Não que seu sofrimento e todo o bullying que sofreu justifiquem seu comportamento assassino e violento, mas em “Dor & Preconceito” somos levados a caminhar junto com o surgimento de um grande vilão, com sua metamorfose degenerada. Para conseguir todo o respeito que não recebeu em sua infância, Pinguim não tem impedimentos, remorsos, hesitação. A criança desrespeitada torna-se um adulto que consegue o que quer.

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