#80 – Batwoman: Elegia (“Batman: Renascido” – 1ª Parte)

Reborn

“O morcego que eles iluminam no céu… Civis pensam que é um pedido de ajuda. Os caras maus pensam que aquilo é um aviso. Mas é mais do que isso, é algo maior. É um chamado pro exército. Eu encontrei meu jeito de servir. Eu finalmente encontrei meu jeito de servir.”

Nana nana nana nana Bat… woman? Olá, pessoas que gostariam de ser cidadãos de Gotham (ou não). Esse aqui não é sobre o Batman ou algum de seus bat-filhotes. Esse post é sobre a saga “Elegy” da Batwoman, que foi publicada na Detective Comics americana ANTES do reboot.
Muita gente acha que a Batwoman apareceu só após o reboot, mas antes disso ela deu seus pitacos no universo morcego ajudando o Dick e Damian (na época como Batman e Robin) a tentar ressuscitar o “finado” Bruce, e como eu disse, também tinha o lançamento dentro da Detective Comics.
Quem prestar atenção em que revistas estou citando, histórias e época, claro que perceberá que estou falando da NOVA Batwoman. A primeira Batwoman foi da época do onça, usava um maiozão amarelo e uma máscara que fazia lembrar a do Wolverine. O nome era praticamente o mesmo, a temática que era diferente. Até porque, se tivessemos uma Batwoman lésbica naquela época a DC teria ido a falência, isso se nao fosse fechada pela censura.
Bom, vamos a Batwoman que importa, Katherine “Kate” Kane.

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001Essa história conta com roteiro do Greg Rucka, nome que já é familiar como componente de diversos arcos importantíssimos das demais histórias do Batman, como por exemplo “Terra de Ninguém” e “Assassino? / Fugitivo”.
Na arte temos J. H. Williams III. Não conheci os dois antecessores, mas em todo caso esse ai já é suficiente. E isso deve ser opinião de mais gente, pois até hoje o homem é o desenhista da série. Isso não é tão “simples” quanto parece. Se for comparar com os demais títulos da DC, vão ver que aproximadamente a cada 1 ano (isso se tivermos sorte de durar tanto) mudam a equipe das histórias, e geralmente é sempre o desenhista.
Por exemplo o Tony Daniel. Desenhava a série mensal do Batman, passou pra Detective Comics após o reboot, e após alguns números saiu dos títulos do morcego e está na Action Comics do Superman. A série “The Dark Knight” começou sendo desenhada pelo David Finch e após uns 15 números é do Ethan Van Sciver. As da Batgirl começaram com Ardian Syaf, depois Ed Benes, Alitha Martinez e Daniel Sampere. E o titulo da Batwoman, antes do reboot (saga Elegy) e pós-reboot (até o momento 3 sagas), teve J. H. Williams III na arte e/ou nos roteiros.
020Há um detalhe interessante na arte desse cidadão. Quando é pra desenhar Kate sem o uniforme… Ele desenha se uma forma até simplista demais, uma rockabilly pálida, porém quando a desenha com o uniforme de Batwoman, parece que brota uma imponência do além e o desenho fica com cara de obra de arte. Como é de se deduzir, o uniforme dela tem aparência de latex, aquele tecido liso, preto e brilhoso, e você quase pode imaginar a textura ao olhar para os traços.
Se você não conhecer a história e primeiro ver a Batwoman antes de ver a Kate, vai imaginar que aquela cabeleira vermelha é dela e que a pele branca é maquiagem… Mas é o contrário, o cabelo que é peruca e a tonalidade da pele que é real. O cabelo natural dela também é vermelho, mas é curto e com franjinha. Sinceramente, a aparencia da Kate não me agrada muito, escolho eternamente a aparencia da Bárbara, mas a aparência de Batwoman, como eu disse, é imponente.
Outro detalhe sobre ele é a maneira única de arrumar os quadros das histórias. Para marinheiro de primeira viagem é MUITO fácil se perder ou acabar deixando algo passar. Às vezes parece que os quadros tem o cenário de dentro E papel de parede pros próprios quadros por fora. Tem quadros formando morcegos, quadros acompanhando ondulações, quadros divididos em vários pedaços como se fosse um espelho quebrado… Como eu disse, às vezes atrapalha, mas não posso dizer que não é original e bem feito.
A saga Elegy ao mesmo tempo que mostra um caso “atual” também muito do passado de Kate Kane. Ela testando o uniforme pela primeira vez, o primeiro encontro com o Batman, coisas da infância e adolescência, um prato cheio pra quem quer conhecer melhor a personagem.
Quanto ao roteiro de Greg Rucka… Lá vamos nós, darei uma narrativa da história.

002Começamos com Batwoman em algum dos lendários cantões obscuros de Gotham, tentando um interrogatório. Quando vemos o Batman fazendo isso, é algo “Eu te quebro ou eu te quebro, decide o nível da minha raiva”. Quando é o Asa Noturna, é algo com piadinhas que envolvem a saúde do criminoso, Batgirl interrogando é meio “inocente demais” até…Mas Batwoman… O interrogatório dela é meio doente, em meio a sorrisos, coisas ameaçadoras como pé na garganta e de repente um carinho acolhedor meio maníaco tipo “PASSE A LOÇÃO!” do Silêncio dos Inocentes.
O besta passa as informações, Batwoman sobe aos telhados como boa morcega que é, e lá topa com quem? Seu muso-inspirador, o morcego-mor, Batman. Ele que dentre todos os 70 estilos de luta e mestrado em todos os setores de humanas e exatas que tem nesse planeta não aprendeu muito a conduzir uma conversa de forma simpática, já se lançou ao que interessava. Crime. Alguma mulher era a nova chefe, eles tinham que chegar lá. Batman deixou a responsabilidade para ela em um gesto de confiança, mas deixou um aviso. “Dê um jeito no seu cabelo. Um puxão e a luta está acabada”.
Após isso a heroína volta pra sua casa, que não é a mansão Wayne mas também não é o apartamento do Peter Parker. Toma um banho, e tenta dormir. O dia seguinte (que na verdade ainda é o dia em que ele tentou ir dormir) inevitávelmente chega, ela se atrasa pro encontro com Anne, sua namorada (século XXI, uhul), que fica nervosa pelo atraso, diz que pela cara dela nem teve um “acordar atrasada” e que na verdade ela nem deve ter dormido.
Rola uma discussão (monólogo de Anne) dizendo que Kate é mimada, tem todo mundo como garantido, que ainda precisa crescer e blablabla… Confusões de gente que tem identidade secreta de vigilante pelas noites de Gotham. Vida de cão, hein?
003Quadros seguintes temos Kate em casa com seu pai que, cá entre nós, é um baita esquisito, e até o momento aparenta ser um militar de patente relativamente alta, mas enfim, Kate começa a malhar levantando ferro pra valer, negócio não é um saco de cimento nem um alteres padrão, o negócio é barra pesada mesmo, pelo que vi no desenho, se não me enganei, são 50kg de cada lado. Somado é mais do que meu peso. Não que eu entenda de o que é peso padrão e o que não, well, deixa pra lá.
Papai Kane fica preocupado com sua filhota, então os roteiros nos mostram que Kate há algum tempo foi esfaqueada no coração, que quase morreu, que ficou apavorada e etc, e entendemos mais uma parcela do que a faz sair de noite vestida de Morcego.
004Podemos ver que o coronel é o Alfred da Kate. Não tão eficiente, mas ainda assim o papel é semelhante. Não demora muito e vemos uma cena que não se passaria na terra dos Wayne… O papai dá uma arma carregada pra Kate se defender, ela aceita e diz que sabe como usar e etc. Dá um leve choque, aposto que ninguém está acostumado a morcegos com armas (esquecendo o Jason, por um instante).
Lembram das organizações loucas de quadros que falei? Temos um ótimo exemplo agora. Uma página dupla com várias tirinhas retangulares na vertical, uma em paralelo a outra, e embaixo um quadro que tem formato de morcego, e fora dos quadros também há coisas se puderem notar. Não dá pra se perder, é bonito, bem feito e original. A seguir outra página dupla, Batwoman dando um chute duplo no ar, coisa de Asa Noturna, mas o chute dele teria mais elasticidade, seria algo mais “Van Damme” no Dragão Branco, mas vá, nenhum de nós daria um chute desses.
005Ela começa o interrogatório no local, e acaba descobrindo que o que ela queria estava exatamente ali. Uma branquela igual a ela, só que mais louca e com um batom estilo Rainha Amigdala do Star Wars. O nome dela é Alice, ou pelo menos é assim que ela se auto-denomina, pois ela parece achar que É a Alice do País das Maravilhas. Batwoman nem entra direito na conversa e aponta a pistola pra cara da moça.

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#75 – Batman: Descanse em Paz

“Bem-vindos a Gotham City. Claro que ninguém nunca disse que seria fácil destruir o Batman. […] Mas este auto-intitulado bem feitor, esse aristocratazinho arrogante e mimado está prestes a ter um merecido e duro despertar. […] O que estamos prestes a fazer será uma obra de arte. Nada menos que a completa e total ruína de um nobre espírito humano. “

Olá!
Espero que tenham gostado do texto da Crise Final, escrito pelo Augusto.
Até esse momento, eu e ele viemos construindo um caminho, uma “estrada” para a HQ que venho apresentar hoje até vocês. E finalmente chega um dos momentos cruciais para o Batman Guide, e um dos momentos definitivos para a cronologia do Morcego: “Batman – Descanse em Paz” é a HQ de hoje.

Para a leitura dessa HQ, recomenda-se fortemente que você tenha lido, ou pelo menos conheça em linhas gerais, as seguintes sagas:

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No roteiro temos Grant Morrison e na arte nomes como Andy Kubert, Jon Van Fleet, JH Williams III e Tony Daniel – só os “dinossauros” da DC Comics. Antes de começar, uma pequena citação de Morrison para a Comic Book Resourcs, a respeito do destino de Batman em “Descanse em Paz” – se era definitivamente o fim do Bruce Wayne. A tradução é minha, mas você pode ler o original aqui:

“Sim, mas como eu digo: é bem melhor que a morte. As pessoas tem matado os personagens no passado, mas pra mim, isso meio que encerra a história! Eu gosto de manter a história girando e se transformando. Então o que eu estou fazendo é um destino pior que a morte. Coisas que ninguém nunca imaginaria acontecer com esses caras.”

Um segundo detalhe que ficou um tanto quanto escondido na tradução de “RIP” para “Descanse em Paz”. Como você deve saber, a sigla “RIP” é o acrônimo de “Rest in Peace”, que é literalmente “Descanse em Paz”. Então qual é o problema? É que depois de muitos eventos, foi revelado que a sigla “RIP” não significava exatamente isso, e sim outra expressão em inglês. Revelarei isso para vocês posteriormente. Caso você queira saber direto o motivo, você pode ler nesse texto (vários spoilers!)
Posto isso, vamos para a análise das 20 edições que compõe “Batman: Descanse em Paz”.

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Começamos com o volume “Meia-Noite na Casa da Dor”, que é uma espécie de prelúdio para os eventos que se seguirão. Você se lembra da minha resenha sobre “A Luva Negra”? Terminamos com Bruce Wayne se revelando para Jezebel Jet: ele é Batman. De fato, algumas outras mulheres de sua vida já souberam dessa ligação: Silver St. Cloud (uma mulher com a qual se envolveu na série nos anos 70), Sasha Bordeux. Um detalhe a ser notado é que nos relacionamentos anteriores de Batman ele jamais se “entregou” tanto assim, mostrou suas vulnerabilidades. Um Batman com uma paixão assim, quase adolescente… Isso é possível? É como se ele sempre tivesse amado Jezebel Jet (lembre-se disso posteriormente). Devido a esses fatores, Tim Drake está preocupado com a sanidade mental de Batman, diante dos acontecimentos recentes . Ao discutir isso com Alfred, o fiel mordomo afirma que as grandes habilidades físicas e mentais não permitiriam que Bruce Wayne se perdesse em loucura.

“Você entende que patrão Bruce tem uma visão clara da busca pela perfeição humana a qual constantemente empenha-se. O domínio físico absoluto das artes marciais, ginástica e ioga, as habilidades dedutivas e lógicas dos principais filósofos, cientistas forenses e detetives, o entendimento, discernimento e objetividade moral dos supremos adeptos do zen… Devo continuar? […] Ele é uma mente como nenhuma outra. Eu tenho sérias dúvidas se algum de nós irá compreender completamente suas decisões, mas nunca devemos subestimar sua força e resistência.”

002Contudo, fica muito claro para nós que talvez essa não seja a realidade. Batman começa a se perder em meio aos seus próprios pensamentos, em meio as suas idéias, suas concepções. Por favor, não se esqueça desse fato do qual eu venho falando desde “A Luva Negra”: a sanidade mental de Bruce Wayne está cada vez mais deteriorada, fragmentada, o limite entre e o que é real e o que é ilusão está cada vez menos nítido.

003Bruce e Jezebel recebem um estranho convite: “A Luva Negra concede um convite à senhorita Jezebel Jet e ao senhor Bruce Wayne… O tema desta temporada: danse macabre”.
Enquanto isso, no Asilo Arkham, Coringa é submetido a um teste de Rorschach – você vai se lembrar da edição “O Palhaço à Meia-Noite” da HQ “Batman e Filho”, em que Coringa só enxerga dor, morte, tripas, sangue e destruição. Aqui não é diferente: por alguns instantes, vemos como Coringa enxerga as coisas, pessoas mortas e sangue por todo o lado. E instantes antes antes do efeito dos calmantes passarem, ele é convidado por alguém em nome de Luva Negra, para “a dança da morte do Batman”.

Vamos fazer uma pausa. Eu gostaria que você percebesse um padrão em alguns momentos dessa história: a presença do padrão de cores vermelho e preto.
Na verdade isso vem ocorrendo desde “Batman e Filho”: a coloração do céu no momento em que Coringa leva o tiro. O Batmóvel. Jezebel Jet, novo amor de Bruce Wayne: uma mulher negra com os cabelos vermelhos.
Em “A Luva Negra” esse padrão se repete inúmeras vezes durante a formulação da teoria para destruir Batman. Inúmeras roletas de jogos de azar aparecem, sempre vermelhas e pretas.
Por que existe essa sugestão?
Vamos retornar à história “O Palhaço à Meia Noite“, contida em Batman e Filho. Veja esse quadro:

Red and Black

Vamos também dar uma olhada nas páginas iniciais de “Crise Final”. Batman também percebe essa combinação que aparece várias vezes, e então vai até o Asilo Arkham investigar isso junto a Coringa. Leia essa sequência.
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De uma maneira simplificada, vermelho e preto significam a luta entre a vida e a morte, entre o “bem” e o “mal”, e essa sugestão de conceitos dá a Batman uma idéia do que ele vai enfrentar, o tempo todo.
Outro conceito com o qual você vai se deparar é a “Mão do Morto“, (“Dead Man’s Hand”). Essa é uma jogada de pôquer que consiste em um par de áses e um par de 8. Porém essa não é uma simples jogada, há uma lenda por trás dela; dê uma lida nesse trecho (Fonte)

“Em 2 de agosto de 1876, o jogador de pôquer profissional, pistoleiro, advogado e trambiqueiro Wild Bill Hickok foi até um saloon na cidade de Deadwood, Dakota, para faturar uns dólares em cima dos locais. Infelizmente, para ele, não achou uma cadeira vaga de costas para a parede e de frente para a porta, onde costumava sentar-se por precaução.
Interessado no jogo, ele se contentou com uma cadeira de costas para a porta. Má ideia.
Logo após receber um par de ás e um par de oito, todos pretos, um colega de profissão seu se aproximou por trás e o fuzilou na nuca. Como ele era uma espécie de celebridade no Velho Oeste, jornais publicaram várias matérias falando do sujeito e do jogo, com ênfase nas cartas na mão dele, que se tornariam sinal de mau presságio.”

Voltemos a “Descanse em Paz”. Na edição seguinte, “Batman no Submundo”, o Morcego está enfrentando um novo vilão mascarado de Gotham (mais um?) para saber o que todos nós nos perguntamos: Quem é o Luva Negra? Mas aparentemente aquele criminoso meia-boca não está envolvido com o Luva Negra. Gordon duvida de Batman, e dessa entidade/organização na qual ele anda insistindo tanto nos últimos tempos.
Enquanto isso, num prédio obscuro de Gotham, Dr. Hurt está combinando um novo plano contra Batman. Será um plano grandioso. Uma obra de arte, nada menos que “a completa e total ruína de um nobre espírito humano”. Questionado por um dos vilões se seria possível concluir uma tarefa que é tentada pelos inimigos de Batman há anos, Dr. Hurt responde: “Ninguém o conhece melhor que eu.” O método utilizado será a indução da frase Zur-En-Arrh, a frase gatilho implantada na mente de Batman anos atrás. Um botão, e Batman se autodestruirá.

Ao ver a capa das edições, perceba que Batman parece cada vez mais… “Afundar”. Assim como sua mente, louca e incerta. Ele está cada vez mais mentalmente instável, e você observará isso na bipolaridade das reações que tem ao conversar com Jezebel, por exemplo. Ela começa a discursar que talvez seja melhor ele superar o trauma da morte de seus pais e abandonar todo aquele “império” construído sob sangue, violência e tristeza. Esse quadro retrata como Batman se sente cada vez mais sufocado, engolfado por uma mente fragmentada, vulnerável. Todo o sofrimento parece chegar cada vez mais para cima dele, avolumar-se sobre suas costas.

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004É quando Jezebel sugere que A Luva Negra é… O próprio Bruce. E sua teoria faz sentido: quem conhece melhor que ninguém todas as fraquezas de Batman? Quem é o único humano páreo para um combate corpo-a-corpo com Bruce Wayne? Quem também adora mistérios, charadas, e tem tantos recursos bélicos e logísticos para declarar uma guerra contra Bruce Wayne, além dele mesmo? Mas ele não quer sucumbir. Ele não quer. Tanto que ele ignora uma série de documentos sobre esses casos – eles vivem sendo deixados em sua mesa por Alfred, esquecidos (!) por Bruce.

E essa edição termina com Batman tendo um colapso e sendo atacado pelo Clube de Vilões, assim como seu fiel mordomo Alfred.

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O próximo capítulo se chama “Zur-En-Arrh”. Certo, vamos parar um pouco nossa resenha para esclarecer um pouco sobre “Zur-en-Arrh”, recapitular seu surgimento e compreender seu significado.

005Já se sabia que Batman não estava em condições de aguentar o estresse mental a que é submetido todos os dias desde muito pequeno. Então, como você vai se lembrar da HQ “A Luva Negra“, o Dr. Hurt torna-se uma espécie de “especialista” em Batman, e ao estudar sua vida, entende que o que dá origem a Batman é o trauma, a violência que sofreu, as dores recorrentes do seu sofrimento, e de uma decisão de não tomar isso de maneira passiva. E então, em conjunto com o exército e o Departamento de Polícia de Gotham, Dr. Hurt conduz um experimento em que cria três “versões” de Batman para substituí-lo quando sua mente entrar em colapso definitivamente. Contudo, essa experiência não passa de um pretexto para que ele induza Batman a experimentos psíquicos e coloque nele a frase-gatilho “Zur-en-Arrh“. E o que diabos é uma frase-gatilho?
A frase Zur-En-Arrh é uma ferramenta que destrói a força de Batman, dispara nele um estado de fragilidade mental e consequentemente física – para que exponha sua fraqueza Como ele diz nessa HQ: “Os Meios extremos que o nosso garoto usou para se fortalecer são fortes indicadores da fraqueza que ele sente que precisa superar. Essa Fraqueza ainda está dentro dele”.
Agora você me pergunta porque dessa palavra, e não qualquer outra do dicionário de qualquer língua do mundo. Bom, eu vou te contar isso no final do texto.

Há uma história publicada na Batman #113 chamada “Batman – O Superman do Planeta X,” – você pode baixá-la clicando aqui. Batman, tendo inalado uma certa quantidade de gás tóxico liberado pelo Dr. Milo, fantasia com um sósia de outro planeta. O planeta se chama “Zur-En-Arrh”, e o Batman de lá é mais rápido, mais esperto, mais sagaz, mais capacitado, quase perfeito. Ou seja, era a perfeita materialização daquilo que ele mais desejava, a perfeição e plenitude.

Bom, agora que explicamos a origem dessa frase-gatilho, sabemos a armadilha a que Batman estava submetido e o quão perigoso seria o momento em que essa frase fosse disparada na cabeça de Wayne. E agora ele sucumbe à loucura de uma vez.
Bruce Wayne está perdido em Gotham City. Ele não faz a mínima ideia de quem seja, de onde veio, sua identidade secreta. Ele não perde todas as suas habilidades, como por exemplo a sua capacidade de defesa física, mas ainda assim não conhece mais sua identidade. Agora é a parte em que você me pergunta onde estão Alfred, Dick e Tim Drake. Entretanto, tudo havia sido muito bem planejado por Dr. Hurt: ele conseguira impedir todos aqueles que poderiam resgatar e salvar Batman. Alfred foi abatido agressivamente pelo Clube de Vilões. Dick Grayson foi fortemente drogado e provisoraiemente jogado no Arkham como se fosse um criminoso. O único que milagrosamente consegue fugir é Tim Drake, que se digna a dar uma olhada nos arquivos dos Casos/Arquivos Estranhos, que Batman vem ignorando por tanto tempo. Lá ele encontra referências a histórias das épocas mais antigas de Batman (um oferecimento de Grant Morrison). Descobre que o pai de Bruce, Thomas, já havia se vestido como um Homem Morcego numa festa.

006Vagando por Gotham City, Batman encontra Honor Jack, um misterioso homem que o entrega uma Bat-Rádio, um dispositivo que lembra as Mother Box descritas pelo Augusto no texto da Crise Final. Entretanto, uma revelação questiona o comprometimento mental de Wayne: ele descobre que Honor Jack havia morrido na noite anterior ao momento em que o encontrou.
Depois disso e de saber que precisa se localizar no mundo, o errante Bruce Wayne precisa começar sua experiência como ser humano do zero. É hora de renascer. Como o Batman de Zur-en-Arrh. O personagem de Bat-Mirim é um duende alienígena da 5ª dimensão, uma espécie de último elo entre o Batman de Zur-en-Arrh e a realidade.

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#74 – Batman: A Luva Negra

“E se houver um vilão supremo lá fora, ainda não visto? Uma mente brilhante absoluta, voltada totalmente para matar? E se existisse um inimigo invisível e implacável, que calculasse todas as minhas fraquezas? Que tivesse acesso a aliados, armas e táticas que eu nem pudesse imaginar… Um adversário cujos planos e esquemas fossem tão vastos, tão elaborados que passassem despercebidos… Até que fosse muito tarde. Como eu poderia me preparar para um desafio como esse? Eu teria recursos para lidar com isso? Eu frequentemente me pergunto.”

Olá!
Sejam bem-vindos a mais uma resenha do Batman Guide!
A HQ de hoje é a última antes de dois eventos importantes para a cronologia do Morcego – e do próprio universo DC em si. Com roteiro de Grant Morrison e arte de J. H. Williams III, Tony S. Daniel e Andy Kubert, esse encadernado foi lançado pela Panini em uma edição deluxe em junho de 2012. Espero que vocês gostem da resenha!
Batman: A Luva Negra (Batman: The Black Glove, agosto de 2007 a maio de 2008)

Para a leitura dessa HQ, recomenda-se fortemente que você tenha lido, ou pelo menos conheça em linhas gerais, as seguintes sagas:

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Na verdade, o encadernado de “Luva Negra” traz duas grandes histórias: a primeira com 3 edições (coleta as edições da série mensal de Batman #667-669) e a segunda com quatro edições (Batman #672-#675). Para descrever essa coleção, vou adotar a seguinte metodologia: falar um pouco de cada uma das 7 histórias, e depois tentar passar a importância dessa compilação para esse momento do Morcego.

Vamos para o primeiro arco.
A primeira história se chama “A ilha do Senhor Mayhew”. Somos levados a um lugar misterioso, onde está havendo uma reunião misteriosa com pessoas misteriosas. Mas logo descobrimos: trata-se de uma reunião dos Batmen de Todas as Nações. E quem são esses caras? Os “Batmen of All Nations” são uma equipe de heróis inspiradas no morcego, cada uma espalhada em um país do mundo. Essa ideia surgiu nos anos 50, devido à inspiração que Batman trouxe ao mundo, e se reuniam sob a alcunha de “Clube de Heróis”.
Nessa HQ, temos os seguintes Batmen (e é ótimo que vocês leiam isso antes de ler a HQ, para não ficarem absolutamente perdidos como eu um dia fiquei na primeira leitura):

 O Cavaleiro (Inglaterra), cujo nome verdadeiro é Cyril Sheldrake, e sua sidekick Square (Escudeira).
 Mosqueteiro (França)
Homem-dos-Morcegos e seu sidekick Corvo Vermelho (Estados Unidos), que são descendentes de indígenas.
Wingman ou Alado (Suécia)
Gaúcho (Argentina)
Dark Ranger (Austrália)
O Legionário (Itália)

Batmen

001Entretanto, essa ideia não foi muito para frente. A iniciativa de Grant Morrison de recuperar esse conceito quase esquecido se sai muito bem nessa edição, como falarei mais no fim do texto. Feita essa introdução, vocês poderão contemplar com assombro a perspectiva de vários Batmen reunidos, com roupas inspiradas no traje do Morcego. É engraçado no começo porque todos os “Batmen” (e “Robins”) estão reunidos contando casos de como tem sido esses anos, conversando e brincando com o fato de que o verdadeiro Batman (Bruce Wayne) jamais se dignaria a dar as caras por ali – e eis que surge o Morcego original em pessoa pela porte, imponente, deixando todos estupefatos. Batman continua sendo uma grande inspiração para eles. É hora de descobrir porque todos estão ali reunidos.
002Engana-se quem pensa que o Clube de Heróis está ali reunido para tomar um café e discutir sobre o quão incômodo é usar uma roupa colada e pular de prédios de madrugada. Há um sério caso para se resolver. Eles foram convocados pelo bilionário John Mayhew, mantenedor do Clube de Heróis. De fato, há um vídeo. Gravado por Mayhew.
Mas não é ele. Ele está morto. E alguém está usando sua pele. O plano de fundo é a pintura “The Triumph of Death”, de Pieter Bruegel. Essa pessoa convida os Batmen para desvendarem esse mistério, como uma cortesia de alguém que se intitula Luva Negra. E é melhor eles solucionarem logo… Antes que também acabem mortos.
Destaque para a primeira capa: uma foto do Batman e o Clube de Heróis nos moldes da Era de Prata, que mostra um Batman quase “feliz” e seus representantes ao redor do mundo, com o reflexo do sério e solitário Batman atual refletido em sangue. Pesado.

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004A segunda história, sob o nome de “Agora estamos mortos!”, é uma continuação, mas com um diferencial: essa edição está começa com uma lembrança de alguém, e é ilustrada de acordo com as histórias típicas dos anos 50. Morrison nos ajuda a conhecer aos poucos cada um dos Batmen. Trata-se da memória de Cyril, “O Cavaleiro” da Inglaterra, e da morte de seu pai durante uma reunião do Clube dos Heróis. De fato, eles podem se inspirar em Batman, mas eles são humanos normais que às vezes sentem os nervos à flor da pele. Quem matara o pai de Cyril? 003Flashback feito, voltamos à terrível realidade: Legionário, o representante italiano de Batman, é morto com 23 facadas por alguém a mando do ameaçador homem do vídeo. E o assassino está dentro da Mansão. Pode ser qualquer um deles.
Cena engraçada é quando Wingman desconfia de Batman, dizendo que ele podia ser ao assassino, porque ninguém sabia se quem estava debaixo da máscara realmente era Batman – e Batman se aproxima sorrateiramente por trás e ironiza a guarda baixa de Wingman, dizendo “Se eu não fosse, você já estaria morto.”
005Cyril é pego e envenenado. Por sorte, o Homem-dos-Morcegos tem habilidades médicas e se prepara para salvá-lo. Enquanto isso, o restante dos Batmen prossegue na sua procura pelo assassino à solta na Mansão, e eis que um detalhe amedrontador acontece… Uma armadura se move! Isso é tão típico de livros de mistério, assim como toda a HQ, cheia de pistas para os leitores tentarem desvendar. Quem será o assassino? Ou talvez, como Mosqueteiro propõe, seja… Um grupo diametralmente oposto ao Clube de Heróis? Luva Negra tem um trunfo: sequestrou todos os três sidekicks ali presentes. Você, caro leitor, já descobriu quem está matando e ferindo todos os Batmen?
006A terceira história é “O Cavaleiro das Trevas tem que morrer”. Mais dos Homens-Morcegos são abatidos. Estão sobrando poucos. Agora os Batmen que sobraram precisam ir atrás dos garotos, enquanto tentam não ser mortos por uma ameaça que pode estar ao lado deles. Em um golpe de genialidade, no último minuto Batman consegue desvendar o mistério, e precisa lutar contra ele antes que Corvo Vermelho, Robin e Squire sejam jogados em um lago de piranhas carnívoras famintas ou picados até a morte por vespas assassinas. E bem, tentar fazer isso antes que a Mansão exploda com os explosivos escondidos. Eles conseguirão se salvar?
007O que podemos retirar dessa história é a importância que Batman tem no mundo atual. Batman é quase perfeito. É um ser humano que atingiu um nível de habilidades tão grande que pode ser comparado a um deus. Se não fosse por Batman, o mundo seria ser um caos enorme. O próprio Clube dos Heróis só é um fracasso porque Batman não participa da iniciativa – se participasse, seria quase uma Liga da Justiça de humanos (analogia minha).
Esse arco é bem empolgante, como um livro de mistérios em que ficamos tentando descobrir quem é o culpado. A arte de John van Fleet, como sempre, é excelente. Os grandes quadros são de encher os olhos, e os ângulos que ele capta mostram sempre a importância do personagem naquela cena. As cenas de luta, o sombreamento, as técnicas que remetem à colagem, as referências artísticas, é tudo deslumbrante – não lembro de outra HQ igual a essa.

Legionário

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O segundo arco vai precisar que você relembre os eventos da terceira história da HQ “Batman e Filho”.
Quando postei Batman e Filho optei por apresentar o roteiro de forma mais corrida para não confundir a cabeça de vocês (afinal, o conceito de “Três Fantasmas” daquele arco só será útil agora). Então vamos fazer uma revisão dos acontecimentos do terceiro arco daquela HQ.

[Atenção: esse trecho é uma análise da terceira história da HQ “Batman e Filho”]
Aquela saga, que recebe o nome de “Os Três Fantasmas de Batman”, nos conta que algumas garotas sendo mortas após terem marcado programas com policiais. Batman vai até o lugar onde elas estão desaparecendo, um obscuro prédio abandonado com corpos de prostitutas jogados, e dá de cara com um homem com uma versão alterada do uniforme de Batman – mas não é um homem, é um policial gigante, poderoso, duas vezes o tamanho de Batman, que o golpeia e deixa uma marca gigante de pé nas costas de Batman.
009Na segunda HQ, Morrison sugere que Batman se utiliza de compostos químicos para se manter na ativa. Isso o dá força física, mas como efeito colateral causa alucinações que beiram a esquizofrenia. Depois de apanhar demais do policial-gigante, Batman dorme (finalmente) e sonha com seu filho Damian em frente a três versões grotescas dele, com o seguinte recado: “Pai. O Terceiro fantasma é o pior de todos.” Batman desconfia que se trata de um arquivo que ele possui chamado “Casos Inexplicáveis” – situações em Gotham que envolvem eventos misteriosos como vampiros, fantasmas, discos voadores e viagens no tempo. Batman quer descobrir quem são esses três fantasmas dele mesmo: Um Batman assassino armado, um Batman bestial fortemente drogado, e o terceiro, ainda pior… Um Batman que vendeu sua alma ao demônio em troca da destruição de Gotham. Esses três fantasmas alteram a sanidade mental de Batman.
É Michael Lane, o Terceiro Fantasma, que está presente na elsewords de Batman #666, em um mundo apocalíptico destruído e moralmente questionável. O fim do mundo está batendo à porta de Gotham, devido ao pacto com o demônio realizado por ele. Batman é Damian Wayne, um Batman que mata, em meio a sacrifícios satânicos, heresias e um armaggedom iminente. O Terceiro Fantasma (ou Terceiro Homem) é demoníaco e perigoso.

Voltemos à análise desse segundo arco de “A Luva Negra”.

A primeira edição se chama “Medicina Espacial”. O Terceiro Fantasma (ou Sleeper) está fazendo um ataque à estação de polícia. Ele tem um grande poder de fogo, e a Polícia de Gotham não consegue detê-lo, e Batman chega para tentar impedir o pior (ele escapa quando estava saltando de paraquedas com Jezebel Jet) quando é brutalmente baleado no peito pelo Terceiro Fantasma.

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#57 – Um Conto de Batman: Neve (Sr. Frio)

Olá, queridos!

Hoje o Batman Guide vai esfriar. O personagem de hoje já protagonizou um dos filmes do Batman, e também foi um dos chefes do jogo “Batman – Arkham City” (numa fase que para mim foi particularmente difícil, mas esse é assunto para um post futuro).
Na HQ de hoje somos apresentados ao jovem Victor Fries, um pesquisador brilhante, que tinha uma vida quase perfeita. Mas isso não poderia durar para sempre. Uma tragédia se abate sobre ele. Vamos conhecer essa história, e acompanhar sua lamentável trajetória até se tornar o terrível Senhor Frio.
Essa minissérie saiu na coleção “Lendas dos Cavaleiros das Trevas”, e se chama “Um Conto de Batman: Neve” (Snow, roteiro de J.H. Williams III, Dan Curtis Johnson e arte de Seth Fisher, 2005)!

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001Começamos com a perspectiva de Alfred sobre os hábitos noturnos de seu patrão. Algumas (raras) noites de Batman são tranquilas, e ele pode se dar ao “luxo” de dormir por 6 horas. Na maioria delas Batman está cumprindo sua missão de se dedicar à justiça em Gotham. E por todos esses anos, os instantes que precedem a chegada de Alfred à Batcaverna são de grande ansiedade para ele – por não saber o estado em que o patrão se encontraria. Ele quase sempre está lá, inteiro. Mas não hoje. Alfred o encontra ensanguentado, quase desmaiado. Nas palavras do mordomo, “todo furado” de balas. Cuida dele por essa noite e, no dia seguinte, Batman já está fazendo suas anotações costumeiras. Insiste para que o patrão descanse, ao que Bruce nega, e então Alfred ralha com ele por tentar fazer coisas demais. Ele pergunta se Alfred acha que ele está fazendo coisas além do que realmente consegue. A resposta? “A menos que o senhor tenha desenvolvido alguma habilidade nova que esteja escondendo de mim, eu suspeito que o senhor não possa estar em todo lugar ao mesmo tempo.”

002O estado em que ele chegou na noite anterior se deveu a um embate com a gangue de Pedro Scott, alguém de quem poderia ter obtido informações – se ele não tivesse fugido enquanto Batman lutava com sete homens ao mesmo tempo. Interessante observar, nesse ponto, que segundo a história Batman estava há apenas um ano e meio no “cargo”, então estamos falando de um Batman cheio de energia, obviamente ainda sem 100% das técnicas que desenvolveria com o tempo, mas ainda totalmente esperançoso com seu trabalho. Harvey Dent ainda não havia se transformado em Duas-Caras, e ele e Gordon eram a esperança de Bruce em uma limpeza total de Gotham. Não há traços do desânimo que demonstra em missões feitas anos depois.

“- Pare de se preocupar tanto, Alfred. Nós somos mais do que páreos para os problemas de Gotham.
– Supondo que os problemas permaneçam os mesmos…”

Essa frase de Alfred parece ser quase uma previsão do que vem a seguir na vida do Morcego.

003A seguir, somos levados a um casal que parece saído de comercial de margarina da televisão. Um íntegro homem, uma bela mulher, uma casa notável. Ele é Victor Fries, um pesquisador renomado, interessado em alta tecnologia e prestes a ser promovido a gerente. Apenas dois problemas surgem nesse percalço: ela está com alguns tremores no corpo, e eles ainda não tem um filho. Mas precisamos concordar que esses dois problemas tem soluções bem evidentes: o primeiro certamente deve se tratar de algum problema de saúde leve, que pode ser solucionado com alguns analgésicos, e o segundo, bem… É realmente fácil de resolver, não é?
004Uma vida perfeita. Como Fries define: “Alguns dias são bastante bons. Mas outros são ainda melhores.” O pesquisador está trabalhando em um projeto relacionado à criogenia, o estudo de temperaturas muito baixas, técnicas para sua produção e as propriedades específicas a elas associadas. Quando questionado por um dos pesquisadores se não poderia ser uma arma, Fries é categórico: ela é apenas um dissuador, algo para evitar que outros países tenham intenções bélicas. Mas essa idéia parece não ser compartilhada pelos seus superiores. Quando informado pela diretoria da empresa Neodigma de que o exército faria algum uso militar (e, portanto, perigoso) ao seu invento, Fries se opõe com veemência. Recebe um ultimato de seu chefe: ou ele continua a desenvolver o projeto, ou eles continuarão o projeto sem ele. Em meio a isso, ele recebe uma ligação: uma emergência acontecera com sua esposa.

Segundo banco de Gotham. Um maluco está mantendo alguns reféns dentro do banco, já efetuou alguns disparos, quer matar as pessoas de lá. Como é hábito de sua profissão, Gordon prossegue com as negociações. Batman, nem tão paciente, invade o local, deixa ao atirador desacordado e torce sua arma. Gordon não gosta nem um pouco disso: essa não é a tática certa, e avisa isso a ele. Batman ignora e diz que precisa das fichas relativas à gangue de Scott. E Gordon fica tão nervoso que literalmente solta fumaça pelos ouvidos.

Gordon

005Voltamos ao casal Fries. Nora, a adorável esposa, é diagnosticada com a doença chamada “Coréia de Huntington” (ou doença de Huntington). Vamos checar o que a ABH – Associação Brasil Huntington pode nos dizer sobre essa doença.

“A Doença de Huntington (DH) é uma desordem hereditária do cérebro que afeta pessoas de todas as raças em todo mundo. […] Originada da palavra grega para “dança”, coréia se refere aos movimentos involuntários que estão entre os sintomas comuns da DH. […] A DH é uma doença degenerativa cujos sintomas são causados pela perda marcante de células em uma parte do cérebro denominada gânglios da base. Este dano afeta a capacidade cognitiva (pensamento, julgamento, memória), movimentos e equilíbrio emocional.”

É uma doença bastante grave. Os médicos oferecem ajuda e terapia para Fries, mas ele recusa, raivosamente. Ele quer resolver sozinho.
De volta ao Morcego, ele está conversando com Harvey Dent sobre o caso de Scott. Dent também reprime o “show” que Batman dera no banco no dia anterior, e o fato de ter arrombado sua sala para ler a ficha de Dent. Como Batman mesmo diz, ele e Gordon estão amarrados demais à burocracias e detalhes processuais. Ele precisa de companheiros novos para trabalhar.

E então nos deparamos com um cenário BEM estranho: Batman realizando entrevistas de emprego para encontrar um novo companheiro. Olha só, daria para fundar uma “Wayne Agência de Empregos”, o slogan seria “Não garantimos sua sobrevivência, mas pagamos bem”. São 5 candidatos:

1. Gerald Van Daalen, um ex-boina verde (membro da Força Especial do Exército Americano, a organização especializada do arsenal militar dos Estados Unidos) expulso por ter sido um bode expiatório de um escândalo num escalão superior ao dele;
2. Amy Ross, uma analista forense do FBI à procura de um trabalho com adrenalina e aventura;
3. David Ruben, expert em eletrônicos, mas sem qualquer vida social;
4. Mira Charan, autora de livros revolucionários sobre psicologia do comportamento criminoso que não foram bem aceitos pela comunidade acadêmica, e que teve que se limitar a escrever livros populares;
5. Luiz Diaz, um ex-presidiário que não consegue encontrar emprego e que não é bom em nada além de ser criminoso. (Nesse momento dá pra ficar curioso sobre o que Batman quer contratanto o homem para ser um batedor).

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Um público bastante diversificado, é verdade. Mas segundo Batman: “Eu darei a eles o que querem, e eles… Eles me darão o que eu quero.” E se o Morcego disse, quem sou eu para contestar.
Na primeira teleconferência das pessoas convocadas com Batman, fica claro o aproveitamento que o Morcego fez das habilidades de cada uma das pessoas recrutadas, e podemos entender para que o perfil de cada um será útil.
Diaz irá procurar evidências do tema pesquisado. A doutora Charan será a investigadora profissional, e traçará o perfil psicológico/motivacional daqueles que perseguirão. A srta. Ross ajudará nas pesquisas e nas análises forenses (com um laboratório patrocinado por Wayne). Ruben trabalhará na vigilância e para providenciar as ferramentas tecnológicas avançadas à equipe. Van Daalen proverá apoio durante as operações e agirá quando necessário. A recomendação é de que nenhum deles faça uso de armas de fogo, muito menos matem alguém. Eles deverão comparecer às teleconferências periódicas e seguir estreitamente um relatório que Bruce preparou contendo as expectativas que tem para cada um deles. Todos começam a trabalhar com afinco. Batman está atrás de Peter Scott. A equipe de investigação descobre que o criminoso está tentando comprar algo, intermediando algum tipo de negócio. Eles conseguem identificar lugar e local em que essa compra será feita. É hora de agir.

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#15 – Batman: Equilíbrio & Batwoman #00

Olá!
Essa postagem demorou um pouco porque estive pensando em qual HQ postar, em nossa sequência “parceiros do Batman”. E decidi fazer algo diferente: postar duas HQs diferentes hoje.
Trataremos de dois personagens importantes. O primeiro você já conhece de outros carnavais em Gotham City: o mordomo que cuida de Bruce Wayne com zelo desde que ele perdeu seus pais, Alfred Pennyworth. E na segunda, falaremos de Kate Kane, a Batwoman – que utiliza métodos com os quais Batman não concorda plenamente.

#1 – Batman: Equilíbrio
(Batman: Legends of the Dark Knight Vol 1 #118 – “Balance”, junho de 1999, roteiro de Greg Rucka e arte de Jason Pearson)

Nessa HQ, temos Alfred narrando um “conto” a algumas crianças – e é um conto que ele mesmo protagoniza. O que ele conta às crianças é a de um fiel escudeiro esperando pelo retorno de seu nobre cavaleiro. Mas essa história é uma metáfora para o momento em que Batman e Robin precisam fazer uma longa viagem de três meses e deixam Gotham aos cuidados de Alfred – o mordomo fiel aos pais de Bruce e que continua seu trabalho na casa ao longo dos anos, observando o crescimento de um homem empenhado em fazer justiça. Nesse período de três meses, o mordomo se empenha em reunir informações úteis, gerar entretenimento para as pessoas e cuidar da população desamparada que Batman precisou deixar para trás. E isso inclui distrair pessoas com suas habilidades teatrais, salvar bebês e liberar um grupo de pessoas que estava sendo escravizada.
Essa edição se chama justamente “Equilíbrio” porque nela podemos perceber a relação existente entre Alfred e Batman: a de cavaleiro e seu fiel escudeiro, que nunca o abandona, seja para curar as feridas provocadas por estilhaços ou por dar-lhe uma bronca porque não anda dormindo o suficiente. Eles se equilibram e contrapõe o que falta um no outro.

No fim da HQ, temos o retorno oportuno de Batman, na hora certíssima para evitar que alguma coisa muito ruim acontecesse a Alfred. E percebemos que o Cavaleiro das Trevas não conseguiria proteger os cidadãos de Gotham sem seu fiel ajudante, um velhinho com metade do seu tamanho, mas com bravura o suficiente para dois batalhões.

#2 – Batwoman #00
(Batwoman #00, roteiro de Haden Blackman e arte de J. H. Williams III, 2010)

Kate Kane é uma socialite demitida do serviço militar por ser lésbica. Em um encontro casual, depara-se com Batman – e encontra uma nova vocação na vida, ser a Batwoman.
A HQ de hoje faz parte dos Novos 52 (acalme-se, vai ter um post explicativo sobre isso em breve), e ela apresenta a personagem sem um roteiro muito aprofundando: temos Bruce Wayne se fantasiando de várias formas diferentes para descobrir se Kate Kane é, de fato, a Batwoman. Mas essa suposta simplicidade de roteiro não é um ponto fraco na obra: você vai descobrir a arte de J. H. Williams III, que é uma das coisas mais sensacionais que estes meus olhos míopes tiveram o prazer de ver.

Apesar de eu tê-la incluído no hall de “parceiros do Batman”, não é exatamente assim que funciona porque, para Batwoman, ele não passa de uma inspiração. Ele não é uma obsessão, não é um amor platônico, um tutor, um inimigo mortal com quem disputa ou seu escudeiro; tampouco ela foi treinada por ele, ou recebe algum tipo de apoio. Ela é uma mulher forte, independente, disposta a praticar a justiça & combater o crime da forma que ela mesmo crê ser certa, com financiamento próprio.  Isso, claro, não implica que ela seja perfeita: Batman vai descobrindo seus erros, alguns pontos a serem melhorados nela.

Em resumo, essa HQ vai introduzir essa personagem de uma maneira forte e incisiva, e você via descobrir melhor quem é essa ruiva forte que empenha seus dias em proteger Gotham City da maneira que sabe e que acredita ser justa.

Baixe as duas HQs, são curtas – você vai ler bem rápido e ainda vai se surpreender com a arte de Batwoman.

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